domingo, 26 de julho de 2009

O amor

Só há um jugo suave, só há um fardo leve: o amor.
Só há uma servidão que não avilta, antes enobrece: a servidão do amor.
O amor é jugo, porque prende; é fardo porque se faz sentir. Mas é fardo leve e jugo suave, porque se faz sentir. Mas é fardo leve e jugo suave, porque pesa com brandícia e liga com doçura.
O amor prende com plena aquiescência do mesmo prisioneiro: daí porque é doce a sua prisão.
A escravidão do amor é a única que enobrece, porque o próprio senhor se torna, a seu turno, escravo, em pleno exercício de sua soberania. O rei e o vassalo se confundem no amor, pois ambos reinam um sobre o outro, e ambos se submetem reciprocamente ao mesmo reinado e à mesma vassalagem!
No amor não há constrangimento: todos os seus atos e todos os seus gestos são naturais, são espontâneos, são voluntários.
Só o amor possui o segredo da felicidade, porque é só através do amor que todos podem viver a vida de cada um, e cada um pode viver a vida de todos. Ora, a felicidade não é outra coisa senão a mesma vida bem vivida, isto é, vivida em abundância, em toda a sua plenitude.

Texto extraído do livro "Em torno do mestre", Vinícius

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